Só temos a partir do número 36, é, geralmente, a resposta que obtenho. Os sapatos, a difícil compra de sapatos.
O olhar passeia pelas montras habilmente dispostas para cativar os pés femininos. Mas, no meu pé só serve o sapato que o príncipe não encontrou e a cinderela não perdeu. É a desvantagem de ter nascido em dias pequenos, aqueles, friorentos, que antecedem a chegada do Inverno e em que os gnomos se divertem a pregar partidas. Quando nasci, algum deve ter-me escondido no mundo de Liliput e apostado em transformar-me nalguma criatura dos bosques. Mas é na cidade que vivo e é nos seus espaços que a minha busca se efectua.
Raramente encontro o número que me serve na forma que me encanta. Quando isso acontece quase gostaria de transformar-me na personagem de Andersen e desejar que os sapatos se me colassem aos pés, eternamente, como na história. Deve ser por isso que a minha busca não me dá descanso, nunca termina. E assim, continuo a tentar atrair, não o amado como as wallies, nem os "sapatinhos vermelhos" da bailarina da história, apenas uns sapatos cómodos e elegantes que me sigam no meu sonho.
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