6.9.04
o senhor padeiro
Não sei como se chama. È apenas o senhor padeiro. Entroncado, braços risonhos e fortes, bigode coroando a expressão paciente do olhar.
Desde bébé que te levo comigo à padaria onde compro o pão, mole e fumegante. Já conheces o espaço, enfarinhado pelas mãos que pesam todos os ingredientes e os lançam no enorme recipiente que tudo mistura e divide em pequenos montinhos onde apetece espetar o dedo. O jeito final é a mão do padeiro que o dá, colocando no grande tabuleiro as bolinhas que se adivinham como promessas gostosas.
Lembro-me dos teus olhinhos, sempre presos no movimento dessas mãos, sorrindo ambos na cadência da tarefa. Esses braços são-te familiares. Porque um dia, já conquistada a confiança, elevaste-te compartilhando o rastro da farinha e o suporte franco desse colo.
Aprendeste como a massa, redondinha e branca, se transforma no pão crestado e quente. Nos seus braços visitaste esse espaço mágico trazido pelos campos de trigo.
Ontem fomos lá. E o senhor padeiro, como lhe chamas, recebeu-te com o sorriso carinhoso que sempre desponta para ti. Mostraste o desenho de flores no braço, em estampagem fresca e contaste as novidades que apreendes em cada dia. Falaram do Miguel, menino como tu, que sonha ser padeiro como o avô. E, já sábia dos segredos aprendidos, apontaste-me tu, todos os passos dessa viagem de magia.
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