
Sabor de mon chéri . A cereja, o licor, o chocolate. Tudo envolto naquele papel rosa, abrindo-se com uma leve pressão dos dedos. Escorregando na boca, derretendo, criando um gosto suplementar pelo gosto acre do licor. É um dos meus preferidos.
Ontem dei-me conta de que, afinal, não tinha sentido bem o seu sabor. Junto com o abraço apertado pelo gesto carinhoso, juntei o outro abraço, aquele que ele não teria, nunca tem, do único afecto que criou, amando, cuidando um futuro diferente, de "doutor", aligeirando vida que não quisera pesada como a sua. Ao sabor de caprichos, esperando horas a fio por jantares infindáveis.
Aceitei o embrulho, vermelho, laço dourado, escondido no brilho envergonhado de olhos azuis, enrugados de muito sorrir, de tanta brincadeira, sempre pronta na anedota inocente, inofensiva dos dias, dos meus dias.
E o carinho transbordava, em amarelo perfumado, de citrino, saltitante nos sacos cheios dos frutos. Da terra, quando ia "à terra". Pedacinho de outro afecto, de raízes sólidas. Esse encontrava sempre. O outro, que lhe ensombrava a fisionomia, longe como longínqua se tornara a memória da infância, "era muito ocupado", "não tinha tempo". Esse nunca vinha. E o olhar já não era azul, límpido, turvava-se, entristecia.
Cansou-se, enrolou lembranças e intrigas palacianas. Respirou finalmente o afecto acolhedor. O da "terra".
Visitou-me, ontem. Ao sabor acre, do licor, misturou-se um outro, levemente salgado, sentido no horizonte do olhar.
De si, Sr. Gonçalves e de alguns outros como o senhor, eu guardarei saudades quando deixar, também eu, aquele espaço.
Ontem dei-me conta de que, afinal, não tinha sentido bem o seu sabor. Junto com o abraço apertado pelo gesto carinhoso, juntei o outro abraço, aquele que ele não teria, nunca tem, do único afecto que criou, amando, cuidando um futuro diferente, de "doutor", aligeirando vida que não quisera pesada como a sua. Ao sabor de caprichos, esperando horas a fio por jantares infindáveis.
Aceitei o embrulho, vermelho, laço dourado, escondido no brilho envergonhado de olhos azuis, enrugados de muito sorrir, de tanta brincadeira, sempre pronta na anedota inocente, inofensiva dos dias, dos meus dias.
E o carinho transbordava, em amarelo perfumado, de citrino, saltitante nos sacos cheios dos frutos. Da terra, quando ia "à terra". Pedacinho de outro afecto, de raízes sólidas. Esse encontrava sempre. O outro, que lhe ensombrava a fisionomia, longe como longínqua se tornara a memória da infância, "era muito ocupado", "não tinha tempo". Esse nunca vinha. E o olhar já não era azul, límpido, turvava-se, entristecia.
Cansou-se, enrolou lembranças e intrigas palacianas. Respirou finalmente o afecto acolhedor. O da "terra".
Visitou-me, ontem. Ao sabor acre, do licor, misturou-se um outro, levemente salgado, sentido no horizonte do olhar.
De si, Sr. Gonçalves e de alguns outros como o senhor, eu guardarei saudades quando deixar, também eu, aquele espaço.
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