
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Mansard, reflet
O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Pouco me importa.
Pouco me importa o que? Não sei: pouco me importa.
[Aberto Caeiro, Poemas Inconjuntos]
O Poeta. Apenas o Poeta.
Hoje, apenas a Poesia.
Sem comentários:
Enviar um comentário