12.1.05

o olhar e eu

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Não sei que dia é hoje. Interessa? É aquele que se segue ao outro, o ontem, o que passou sem deixar traços. Inóquas, brancas são as horas escorrendo em batidas ritmadas pelas ausências do que não existe. Estendem-se, desdobram-se em tranquila respiração suspensa. Sobre o meu olhar, sobre o reflexo do meu pensamento. Não me ouço, como se os sons estivessem camuflados por não sei que estranha força que me impede de os percepcionar. Fogem-me e eu não os persigo. Quero-os livres, só assim poderei recuperá-los. Nos momentos em que me distraio. Como se a consciência do que me rodeia se introduzisse nessa fissura em que o olhar se encontra com o objecto. E nada mais pode senão vê-lo. Esse é o momento de distracção da vida.
Bom é nada fixar, nada ver, assim as coisas ficam mais perceptíveis, mais fortes dentro de nós. Não como imagens platónicas mas como imagens construídas com a sensibilidade que nos afasta do real.
Enganamo-nos com o real.

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