
Victor Vasarely, Vonal
Precisava preencher o tempo e utilizava as palavras. Saíam-lhe fáceis, em catadupa, regorgitando em sons vivos, como que a querer abafar o próprio pensamento. Aninhava-se na envolvência do silêncio de quem escutava. E a indolência brotava no olhar complacente, em jeito de aquiescência, recebendo cada sílaba, cada ressonância harmónica como se, uma a uma, as imagens produzidas se encadeassem formando uma história necessária.
E as horas decorriam, nesse acordo mudo apenas quebrado pelo discurso apressado, de quem agarra o tempo, sentindo-o escapar.
Nessa manhã, preparara mais uma vez o coração.
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