21.7.05

mourejonas

4302

Naquela hora em que os pescadores atravessavam o canal com seus apetrechos tão resumidos para virem fazer a aguada, o mar abria boca-réstia de sono ainda em maré baixa a espreguiçar-se, sonolentamente, sob o sol sem núvem. Esteira de dormir qualquer liturgia mesmo de difícil, um esse porém afofalhado imenso de se apresentar sem vaga, na areia da beira-praia, em desinteresse de pureza pisada de ilusão.

Manuel Rui, Rio Seco



de madrugada, sol dormindo ainda, era tempo de largar sobre a água, cortando as ondas enroladas de preguiça.
lá fora, longe da praia, em cuidado dobrado em preces, lançavam-se as mourejonas.
recolhiam-se sob o brilho quente do sol, saltitantes de reflexos prateados. os peixes.



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