27.12.05

...e o vento sopra a flor distante de um afecto

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não foi porém uma saudade que me dirigiu os passos pisando as imagens do nosso encontro em fuga. naquele tempo. no tempo em que no teu olhar claro e fundo havia demasiada luz e eu bebia-o sem o extinguir, fechando os olhos de cada vez que os teus dedos trémulos abriam o meu peito em chamas. e dentro daquela ausência em que nada era, olhava-te expectante envolta na carícia lume da tua boca esperando até quando quisesses que nada fosse como se me concedesses o tempo, o tempo de um desejo que um obscuro torpor contaminava. o afecto esvaia-se nessas entregas em que tentava esquecer-te sem mágoa.
o nosso encontro em fuga, hoje. o que não aconteceu. através da vidraça procurei-te o rosto e percebi que em mim determinara o teu sono eterno. ao ritmo da chuva que caia repeti baixinho, serenamente, chamo-me Laura e separei os fantasmas da minha solidão escolhida.


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