3.7.06

à beira-mar do sol algarvio


a leitura que termina...

Porque não há-de a morte de uma pessoa que amamos arrastar-nos para a mais lúgubre decadência? Não sabemos como amar aqueles que amamos até ao dia em que eles desaparecem abruptamente. Só então nos apercebemos daquela pequena distância em relação ao seu sofrimento que poucas vezes soubemos superar, do modo com nos resguardámos, como só raramente abrimos o nosso coração, sempre a tecermos as nossas teias de deve-e-haver.

Don DeLILLO, O Corpo Enquanto Arte


A obra que começa...

Há factos que a memória da infância guarda numa pequena gaveta esconsa, misturados com outros tesouros, uma pena de gaivota, um caquinho de vidro azul, ou um cordel meio desfeito, os quais verdadeiramente não sabemos se ocorreram, ou não. Fala-se disto porque não há razão para que não seja a simples leitura de uma carta uma dessas preciosidades, e para que dela nada mais reste, senão o anseio sustentado de que haja existido.

Mário Cláudio, Camilo Broca

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