17.8.06

novas leituras....


(...)
deitada no chão do estúdio, observava-te enquanto me pintavas (...) olhava para os teus braços e para os teus ombros e sobretudo para as tuas mãos enquanto trabalhavas na tela. Queria que te virasses e que fosses ter comigo e que as tuas mãos percorressem a minha pele tal e qual como percorriam o quadro. Queria que o teu polegar me calcasse com toda a força, tal e qual como calcava a pintura, e pensei que, se não o fizesses, enlouqueceria, mas não enlouqueci, e nessa altura tu nunca me tocaste, não, nem uma só vez. Nem sequer me apertaste a mão.

Siri Hustvedt, Aquilo Que Eu Amava





por vezes a sobrevivência possível está na ausência...


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