31.12.06

a festa da véspera

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verde, rosa, amarelo, laranja e os quadrados, as riscas, o padrão florido. vigilantes brilhos em superfície vítrea. as mesas, preto, branco com traços de mãos. impressas. de mãos que pegam o vazio, soltam palavras, recolhem olhares. as mãos. passam agarrando o ruído quebrando o silêncio interior. desejando aturdimento. a música. sobrepondo-se aos pensamentos: um barco ruma para onde vai. vão os pensamentos. partem: a vida é sempre a perder, diz a canção. vislumbre de terra. a ponte. a ilha. à volta soltam-se folhas. dos plátanos. ouro velho. no chão, nas cadeiras, no olhar. fim de ano. a festa da véspera, destaca-se em frase colada ao balcão. ontem. a festa. despedidas. na ilha. na ponte. atravessa-se a ponte para terra firme. que treme, entorna mais que o mar. a água. infinito mar. nele os pensamentos adormecem. no movimento das ondas. enrolados. os dois. cruzando o mar.
não pares de escrever. escolhe uma bela caneta. fecha os olhos. imagina-te viajando em qualquer paisagem. abre os olhos. os pés bem assentes no chão. e escreve. não importa o quê. mas escreve. o que viste imaginado ou o que imaginaste vendo. não se diferenciam um do outro. como os pensamentos e as ondas. no mar. enrolados. atravessa a ponte, desagua na ilha. a terra não é firme. é apenas ilusão óptica. o mar embala-a . a vida. a vida é sempre a perder, canta a voz.

último dia do ano. na ilha.
31-12-2006.



foto de armhein


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