O JARDIM JAPONÊS
musalia@hotmail.com
Lugares do imaginário. Portas que se abrem no interior dos pequenos “pavilhões do chá” dispersos pelo jardim, anulando a fragmentação dos espaços e enquadrando a paisagem, através de janelas rasgadas na regularidade das construções. Paisagem com fundo incorporado, em que o tempo suspenso se revela lugar de observação visual e, ao mesmo tempo, local de contemplação interior. Formas serpentinadas e assimétricas ou de linhas regulares, rodeadas de elementos vegetais irregulares. Paisagem meticulosamente construída, em que arquitectura e jardim não se percebem como factores autónomos, mas complementares um do outro. Daisen-in, jardim de pedra seca, enlaçado por muro negando a intromissão da paisagem vegetal no despojamento intimando à meditação interior.
A cadência da chuva deslizando em gotas pelas vidraças do autocarro, trouxeram memórias de outra chuva, inventada, em construções de imagens pensadas como jardins japoneses desenvolvendo-se em crescendo para se diluírem em despojamento total como em Honei-in: “Si j’étais la pluie je viendrais tous les jours, doucement, te réveiller à ton sommeil indifférent, solitaire et lourd. J’écoulerais sur tes vitres , vivante et pourtant sans paroles. J’arroserais la terre pour que tu sentais l’odeur de mes rêves et de mon être. J’effleurerais tes cheveux dans une caresse frêle et j’envelopperais ton corps dans le chaud de mes larmes amoureuses. Je te suivrais frappant le rythme incertain de mes goutes par le pas decidé de ta route. Et si, par hasard, tu tournais ton visage vers moi et me sentais, je m’effacerais tout de suite. »
…era uma vez um professor de francês, de fino humor e de reptos surpreendentes nas temáticas escolhidas. A aluna (esta), respondeu-lhe assim.
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