13.7.04

Jardins

Há quem os olhe como locais de lazer. Eu usufruo a sua paz para momentos de meditação.
Hoje, a pausa do dia levou-me ao lindissimo jardim museu, paredes meias com o edifício onde trabalho. Pouco frequentado, o seu silêncio é apenas entrecortado pelo silvo dos pavões e do bando de patos coloridos que me seguem na esperança de algumas migalhas de comida. Ainda que desenganados pela frugalidade da minha presença, não desistem de me acompanhar e eu prefiro imaginar que se lembram das minhas deambulações do outro lado do velho outeiro, em percursos vislumbrados através do gradeamento que também lhes permite esgueirarem-se noutros espaços. No calor intenso deste meio dia, procuro a frescura da sombra de árvores exóticas, centenárias, testemunhas de tantos vultos solitários como o meu. E este espaço desnudado de ruído, acolhe o meu pensamento sôfrego de paz. Apenas a aragem levanta sons na folhagem das copas, dispersando-os no caminho que os meus passos escolhem.

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