Hoje é uma aparição que quase nos espanta, o "preto e verde", entre a monotonia da cor creme que corre os espaços da cidade. As conversas com estranhos, pouco habitual em mim, produziam-se no breve caminho entre a partida e a chegada, na ponte que se estabelecia entre o trabalho e o mundo da Arte. Era o desabafo de pessoas aprisionadas no quotidiano desenrolado sobre rodas, galopando as distâncias de quem se mostrava em pressas de chegar. E eram os filhos que trilhavam caminhos pouco seguros, as prendas que se ofereciam à mulher nos dias festivos, a vida dura de condutor de destinos, as opções políticas e as soluções infalíveis, eu sei lá que mais! E a conversa, propiciava-se, desejava-se, como calmante de tanto nervosismo acumulado nessa ânsia de não chegar demasiado tarde, por vezes, a lugar nenhum.
Ontem à tarde, apressada e sem opção de outro transporte, os meus passos conduziram-me, maquinalmente, ao local onde se avistava a mancha creme em fila certinha e obediente. Liderada pelo "preto e verde". Embrenhada na minha pressa, estaquei reflectindo se não errara o caminho. Mas sorri, reconhecendo o antigo bicolor, e entrei para, mais uma vez, ansiar pela chegada.
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