São as delícias de quem por aqui passa. Os bolos de amêndoa, o "doce fino" como lhe chamam, e os dom rodrigo. Tentação que salta aos olhos e se desfaz, lentamente, no sabor macio do travo da amêndoa. Elaborados em formas delicadas, a escolha é difícil, os cestos de flores e de frutos, os rosados porquinhos, os coelhos branquinhos comendo a cenoura ou a galinha cuidando da sua ninhada de ovos redondos aconchegados na palha do cesto. E volteiam nas nossas mãos, hesitantes em estragar a arte de quem os talhou mas, a água cresce na boca e não há razão, por mais bela que seja a forma delineada, que ganhe o prazer de sentir o seu gosto! É o pecado da gula? Doce pecado, que venha, será sempre bem recebido!
É o colorido brilhante das pratas que os envolve e esconde. Os dom rodrigo. Fios de ovos misturados com pequenissimas partículas de amêndoa, regadas com a calda dourada escurecida pelo tom vivo da canela. Esses, até a prata, por vezes, se mistura à ânsia de os sentir deslizar na boca, fios de doçura a escorrer pelos dedos que se lambuzam, de olhos semicerrados, não vá perder-se uma gotinha!
Ontem à noite, após o jantar, rumámos à povoação de Alvor para um breve passeio nocturno com paragem obrigatória na Barca, onde existe a melhor doçaria algarvia. O café acompanhou as delícias saboreadas em êxtase, deixando para trás preocupações de elegância e priveligiando os sabores tão fortes, desta terra de gente moura.
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