Ontem, Sol(eiman) reapareceu. A praia transformou-se num verdadeiro mercado oriental! Com o seu andar dengoso, o sorriso espelhando bonomia no rosto redondo de lua adormecida pela sombra, apareceu, contornando os rochedos que enquadram a reduzida extensão dos chapéus de sol. Ao ombro, transporta o saco saltitante de cores ansiosas e brilhantes que espalha à beira mar com displicente cuidado. E a praia transforma-se num verdadeiro mercado oriental, em que não falta sequer o odor das especiarias nos tons vivos dos panos. O açafrão namora os rosas e os lilases, o verde jade casa-se em perfeição aos turquesas, os amarelos debruçam-se na curva dos cinzas e dos azuis enquanto os tons de fogo lançam labaredas aos pretos e brancos. E, por todo o lado, cruzam-se os fios de seda com o cintilar das pedrarias, os vidrilhos alongados e as estrelas feitas de lantejoulas em bordados das mil e uma noites.
E então, o ritmo estival perde o rame-rame ausente de grandes emoções e ganha uma vivacidade colorida recortada em fundo de quebra mar. Neste momento esquecem-se as pretensões do "sangue" e da "hierarquia social", e é ver marquesas, "tias" e simples veraneantes, em corrida ansiosa tentando agarrar túnicas, panos, colares e múltiplos adereços, mãos repletas de oportunidades que se distanciam dos Versage, Yves Saint Laurent e afins. Agora, a ânsia de exotismo quebra a estudada "compostura" e regateiam os preços na tentativa de esvaziar o peso dos artigos que lhes enchem os braços. E Sol, a cabeça em rodopio, sorri, ensina a colocar os belos panos demorando a mão nos ombros nus, em afago disfarçado, os olhos derramando sensualidade nos corpos bronzeados com sabor de maresia.
Confesso, não resistimos. Comprámos uma túnica e um pareo.
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