6.10.04

conversa de flor


Se eu fosse a ti, colhias-me.
E porque o faria?
Enfeitarias o cabelo, alegrarias o olhar, marcarias este dia que te envolve, perfumarias os teus passos. Seria como observar o sol através de um prisma, distribuindo miríades de tonalidades e nelas, eu seria a lilás, desfeita em mil pétalas de flor aberta, oferecida à tua mão carinhosa. Iríamos juntos, pelas ruas da cidade, escutando em cada canto, em cada esquina, o aroma do Tejo, debruçado em retalhos unidos de maresia. Seguiríamos o voo dos pássaros, atravessando este céu luminoso em harmonias de rouxinol e dançariamos, enlaçados na aragem dos afectos, nos terreiros onde esvoaçam poalhas douradas, preguiçadas pelo sol. E quando a noite espreitasse em estrelas nos teus olhos, deixariamos o luar descer, de mansinho, nele repousando o amor derramado nessa dança.
Posso sempre entrar na florista e comprar um ramo escolhido por mim.
Ah!, mas hoje, fui eu que te escolhi a ti!

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