Este caminho que percorro sem dar conta que o procuro. Ou não procuro, escolhe-me os passos, dirige-me o andar. E faz-se cinzento, em flashback de outras caminhadas em que encontro um horizonte fechado, não divisado em perspectiva.
O ar denso de humidade, repassa a fragilidade da roupa, entranhando-se-me na pele. Um forte arrepio faz diluir na paisagem o calor do corpo, em pequenas nuvens de vapor, lançadas em respiração entrecortada. Vejo apenas os tons cinza das árvores, em nada se distinguindo da paisagem interior que trago desenhada. A ausência de fundo irmana-se à aridez de emoções, sentidas ao de leve, para não acordar a névoa cuidadosamente adormecida, como amortecidos estão os sons exteriores no silêncio da mente, em manchas brancas onde se recorta uma mutez voluntária.
Então, aconchego os pensamentos, aperto-os com as mãos e cruzo-os junto ao peito.
Apenas quando curvo a estrada, um suave calor liberta-se do cachecol vermelho à volta do pescoço. Respiro fundo o ar brilhante da tarde luminosa
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