Não te encontro. Não sei que te fiz, que não te encontro. Perdeste-te na noite, não naquela de todos os sonhos em que nos perderemos os dois que essa, guardo-a para mais tarde, mas nesta outra em que o movimento das mãos foi mais lento que o olhar. As palavras não te seguiram, nem sei se te deveriam seguir ou se serias tu a acompanhá-las, tomando-as para ti nesse afago em que a união torna indissociável imagem e pensamento.
Porque o pensamento corre célere, percorre distâncias, aquelas que as presenças demoram em chegar. Junto ao lago, despi o desejo de te ver e me entreguei à contemplação deste suave despertar na caruma dos pinheiros colhendo o perfume de narcisos no meu corpo. O sol espreitou este recanto, apanhando-te a distracção de amante zeloso e brilhou em mil reflexos transformando em fogo o horizonte. E a seguir, a noite trouxe o avivar desse desejo de que a terra quente nos encheu os corpos.
Mas não te encontro. Não sei que te fiz, que não te encontro.
Este seria um dos textos possíveis para a imagem que perdi e não consegui recuperar.
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