O momento. Não sei explicá-lo. Não o compreendo. Aceito-o.
Mas momento, é espera. Sem antes nem depois, Paragem no tempo. Indefinição.
O momento não se encontra, não se procura. Surge. O momento.
Desço a escadaria, passo rente ao velho tanque mariano. Nos degraus, pavões descobrem azuis em verdes jaldelinos, pontuando manchas brancas de cisnes no brilho turvo da água.
Abrigada nas copas dos cedros, imprimo um súbito impulso aos leques, desdobrando coloridos rubros e ondulo no movimento da serpente. Imagino-me em luta com a garça, em jogo de entrega e repúdio.
O olhar perde-se no infinito. Gotas de chuva transparecem tonalidades douradas. Alongo os leques, o meu corpo evola-se, não o sinto. Por um momento, sonho-me borboleta-flor. Irrequieta. Tentadora.
Momento. Não o momento.
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