27.10.04

ilhas



As pontes de Veneza unem palácios. Como ilhas. Onde se escondem tesouros e se guarda o silêncio. E o sol brilha nas pontes de Veneza.

Vagueio nos espaços, preencho vazios de claustros e jardins, encho-os de reflexos que recolho nas pedras bizantinas. Rasgadas, cindidas por colunas geminadas, as janelas dos palácios. Por onde vislumbro outras janelas. Que não se tocam.

Apenas o ar, leve, aromático, em espirais sonhadas, unem as margens dos canais. E as amarras soltam gôndolas, deslizando, levando pensamentos e desejos que não se cruzam, antes se afastam paralelos aos cais. Da janela onde me encontro, recolho escadas negando encontros, recusando sombras de histórias já contadas.

Não atravesso as pontes de Veneza. Nelas, solto o amor e a paixão que se esvai do olhar, do sentir conjugado de outro olhar, reunidos em horizonte longínquo, colorido. E as janelas, recolhem o sereno quando a noite dos sentidos se aquieta sob as pontes.

Porque os palácios são como ilhas, não se encontram. Só o sol dança nas pontes de Veneza.

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