Jorge Ulisses, 1980 - Duplo Retrato (tinta da china)
Um amigo traz-me os dois primeiros Livros de Canções do Dowland e o albúm de fotografias do Gageiro. Passo um bom bocado da tarde a olhá-las e a embalar a melancolia naquelas vozes quase desprendidas do tempo, elas que são expressão pura do próprio tempo.
No álbum quase toda a gente representa um pequeno papel; digo bem, um papel mais pequeno do que o que têm na vida: aquele que lhe distribuiu o fotógrafo. (...) Mas há outras fotografias onde os símbolos não são a vulnerabilidade de um tão belo álbum, ou nem símbolos existem, e tão só criaturas na sua íntima vibração com a luz. (...) nenhum elemento anedótico vem perturbar a entrega confiante do seu olhar ao nosso olhar.
Eugénio de Andrade, Uma folha, outra folha, Foz do Douro, 1995
Menina, eu não sei enviar um fax...
Veio pelo correio. Mas ficou o fio de voz, suave, melodioso e tão cheio de humildade. Nunca o esquecerei. Assim como toda a obra poética.
Parabéns e obrigada, Eugénio de Andrade.
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