21.6.06

silêncio e palavra dita, ambos podem destruir...

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Recomeçar? A ilusão de recomeçar. A visão fascinada e ansiosa, a serena visão desencantada. Não há nada no amor, disse-lhe, mas sentira que essa frase era talvez absurda e corrigira: há pelo menos o amor em si próprio, mas isso era também apenas uma frase e ele odiou-se por ter cedido a tentar transpor sentimentos em palavras, porque tudo era sempre tão errado, uma vez dito. (…) Lídia, dissera Jorge, pousando o livro sobre a mesa, Lídia, íris, ígnia, um nome esdrúxulo, que sobe até a um ponto fino e alto e se parte de repente, o i quebrado, violado, como uma palavra dita.

Teolinda Gersão, O Silêncio

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