esta manhã acordei vaga e imensa como uma cidade desabitada
acordei céu de luar
sitiada pelo deserto da noite
e sou a bruma indissolúvel
envolvente etéreo de nada
num universo de nebulosas.
sou bruma e penso em símbolos
de horas naufragantes insulares
de mim acordando só bruma
da bruma a acordar em mim
eu inexacta como a linguagem lenta das sombras
de resto nada
infinitamente nada
pura circulação de nada meus rios em meu leito
minhas veias entre eu e mim
em trânsito contínuo para ser outro e ser o mesmo
para meditar o intervalo vazio
entre a pele de dentro e a pele de fora
paulo renato cardoso (excertos de poema)
imagem de alexander_kozhevnikov
acordei céu de luar
sitiada pelo deserto da noite
e sou a bruma indissolúvel
envolvente etéreo de nada
num universo de nebulosas.
sou bruma e penso em símbolos
de horas naufragantes insulares
de mim acordando só bruma
da bruma a acordar em mim
eu inexacta como a linguagem lenta das sombras
de resto nada
infinitamente nada
pura circulação de nada meus rios em meu leito
minhas veias entre eu e mim
em trânsito contínuo para ser outro e ser o mesmo
para meditar o intervalo vazio
entre a pele de dentro e a pele de fora
paulo renato cardoso (excertos de poema)
imagem de alexander_kozhevnikov
4 comentários:
Esta manhã acordei
com o olhar no vidro.
Era o aniversário
de alguém.
Sorri-lhe os parabéns
mesmo sem saber
se olhava na direcção certa.
E depois de reflectir,
abri a janela
e sai... para sempre.
Von
como se amanhecesemos abandonando um sonho. por vezes é necessário deixar entrar o vazio...para que consigamos de novo, sonhar.
:)
obrigado por me dares a conhecer este poema, foi dos melhores q já li!
brutal..
bj
jim :) saudades, já tinha...
o excerto do poema, muito belo. forte, sim.
beijo.
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