Mãos azuis, não me canso de dizer, azuis e em pé sobre as areias da sua sina, pátria com bandeiras e com vírgulas sobre o sangue…
Pudesses tu ter visto o rosto que tens,
por detrás daquele com que te pintaste.
Repara.
És um menino em sua ternura brincando
com os anjos e as estrelas
que ficam para lá do azul da poesia com que te inquietaste.
Chamaste-o. E ele ouviu-te dócil e pôs-se como um louco a correr de encontro a ti.
Pudesses tu sentir isto que te descrevemos.Uma criança feliz correndo, beijaste-o na infância tão plena que é com o seu encanto.
Depois, como tudo, fizeste-o crescer de repente. Mas crescer é deixar morrer muitas coisas, não obstante nasçam outras tantas.
E o menino, que não queria ser homem em teu colo, mas menino,
desatou a chorar e pediu para que o pousasses sobre o azul que pintaste.
E daí te vê e dali brinca com a paisagem com que só tu sabes crescer para ele.
Fotografia de Katia Chausheva
12 comentários:
tenho vindo aqui, silenciosa (acho que o espaço exige). desta vez decido encher o espaço com um: magnífico blog! e este texto em particular é fantástico!
Não conhecia este autor, mas este texto deixou-me com vontade de ler mais. bjs
Por vezes, as mãos falam mais do que a própria voz...
'Crescer é deixar morrer muitas coisas', gostei muito disto. Haverá em cada ser humano um menino de sua mãe?
Beijinhos
Todos choramos na dor de crescer.
E o que em nós permanece só nós haveremos de saber...
Belo texto, lindamente ilustrado pela foto! Abraços e até breve.
gentileza tua, moi chéri :), obrigada pela tua presença, volta sempre.
Eduardo White é um autor que muito me sensibiliza.
magarça, lê Janela para Oriente, é belissimo!
bj.
longa é a tradição do gesto ena escrita as mãos falam intensamente.
um abraço, zig:)
laerce, sei que conheces a obra deste autor ;)
por certo, haverá.
beijinhos.
antónio joão mito, o desencanto no olhar. um cantinho de inocência, algures...
a foto e o texto, muito belos, sim:)
abraços, até breve huckleberry friend
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