16.7.04

Eu, que quase vivo no campo!

  
Os raminhos de oliveira, espigas de trigo, papoilas e malmequeres, atados com o orvalho da manhã. Marcavam o início da época estival, essas quintas-feiras de Ascensão!
O meu sono irrequieto espreitava o alvorecer, na claridade sossegada em que a noite se despede do sonho e troca lembranças com o dia. O olhar pisava os trilhos conhecidos e o passo ritmava a vontade de chegar, na manhã que se abria à alegria de colher a paz dos campos e o matizado fauve das papoilas contra o branco-doirado das pequenas flores.
Os rituais ancestrais, estabeleceram elos indissolúveis que mantiveram as memórias vivas no âmago da vivência citadina. E a saudade do regresso é sempre mitigada pela permanência dos perfumes, das seivas, dos murmúrios campesinos abraçados nesse crescer construído em liberdade. Que me saúdam nos jardins que percorro ou naqueles, imaginados, que as minhas palavras me deixam entrever.

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