28.9.04

cor e ausência


(Everton, Chalk-a-Chalk )

Há entre as oliveiras sítio para o sol
E a brisa da infância canta rindo nos ramos
Entre o cheiro do giz e as canções da escola
...
(Ruy Belo)

O quadriculado, de fino risco negro, dividia as folhinhas em sonhos amarelo, rosa, verde-água e azul. Descobri assim, outros espaços, onde a imaginação podia navegar sem restrições de cadernos pautados, ausentes de cor. Tal como as borrachas trincadas em impulsos irresistíveis, tinham um novo sabor, a fruta e a flores.
Traçei nessas cores, esboços, construções que a vida desviou, mostrando que o arquitectar raramente se coaduna com os sonhos. Vai-se equilibrando, acolhendo na paisagem da alma, onde os desejos são o impulso criador da realidade que nos cerca.

Ainda hoje, persigo as cores, as formas, as texturas, que moldam as palavras que me habitam. Como se uma ponte entre o que guardo e o que exponho, se possibilitasse apenas nesses fios de tear único, em que todo o colorido se reúne.
Em recusa da ausência.

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