Ontem, a nossa relação chegou ao fim. Ao longo de seis anos, o quotidiano que se esboçara em esperança, foi-se descolorindo, rasgando, inviabilizando o diálogo antes tão fluido e deslizante. Lembro que outrora, o som da música assentia ao gesto dos meus dedos soltando a harmonia, enchendo o espaço em que as nossas vontades se uniam e os nossos olhos, prescrutando a mesma paisagem, procuravam o horizonte em que ambos nos perdíamos. E sem darmos por isso, o ruído instalara-se e a desconfiança desacertara os nossos passos. O presente apresentava-se incerto, não convergindo já a vontade de seguir o mesmo caminho e assim nos separávamos, em sentidos tão diversos! Já não sentia o verde de esperança, reluzindo ao sol em reflexos metalizados. Agora era o tom cinzento, de lua desmaiada num céu aveludado, que me acenava em sorrisos deslumbrados.
Porque, enquanto nos perdíamos, fui desejando outro olhar que se ligasse ao meu, outros sons combinando melodias a gestos esboçados.
Não nos traímos, fomos recusando o mesmo caminho.
E hoje mesmo, decidi outro percurso. Mas digo-te adeus com antiga ternura. Sete dias, é um tempo mágico, toma esse tempo e procura, também, o teu novo caminho.
Troquei o rodinhas verde, Ford Fiesta, por uma carrinha Citroen Xsara, cinzento chumbo.
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