11.10.04

a casa


Como se o tempo parasse. Naquele preciso momento em que pisou a soleira da porta e o mundo se abriu de cores e sons oferecido.
O dia amanhecera parco de nuvens, apenas anunciado de um tom pardo ensombrando os amarelos clareados pelo sol. No balanço do riso, encolhido ainda pela incerteza, as palavras corriam velozes querendo abraçar o espaço que se encurtava nos quilómetros percorridos. Na frescura da pele, tocada apenas pelo ar matutino, sentia o olhar crestado de sentimento em assombros de adolescente esperando o primeiro baile. E o Tejo, esse rio cúmplice de tantos carinhos, mais não fazia que aconchegar a estrada por onde corriam outras ternuras, feitas de esperas e de ansiedades. E o sol aquecia, tornava vivo o desejo de chegar.
E por fim, a casa. Brancura de paredes escorreitas, espreitadas por portadas azuis, protegidas pela sombra da árvore em jeito de convite. E a cadeira, vazia, esperando o afecto que iria encher o espaço, ansioso ele também pela vida que surgia no seu olhar.
E entrou. No final do arco-íris, todos as cores e sons se abriram nesse mundo oferecido.

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