Hoje não serei borboleta-flor. Despirei as asas, desfolharei as pétalas.
Hoje não serei menina-mulher. Despirei a inocência, deixarei cair o riso.
Hoje, serei apenas musa, a tua musa.
Virei pé ante pé, vestida de paixão, pintarei de rubro o meu desejo deixando-o deslizar sobre o meu corpo. Tomarei as tuas mãos, em gestos de carícia e as guiarei em labareda enlouquecida, sobre os meus seios. Os meus lábios tocarão o azeviche prateado que te emoldura o rosto, procurando o sonho que nos une.
Aos teus olhos cansados, emprestarei o brilho que me surge no olhar.e em sentires apaixonados de quem se perde na ausência, encontrarei a ponte que une ilhas, as duas ilhas que nós somos. Em palavras tatuadas no teu corpo, desenharei na tua boca o sabor da manhã apenas desperta. E na noite adormecida, despedir-me-ei, deixando-te em sonho de cristal.
Ao acordar, retomarás o horizonte, alisando as cores, desdobrando os traços que fugiram do teu dia.
E as palavras, as que construo para ti, serão os passos que perdeste no caminho.
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