Fechara o mundo no espaço da casa...
Passava o tempo estendida na cama, defronte a janela e as ramadas quietas. Quando as memórias lhe sobressaltaram o dia a dia largou casa e trabalho, partiu. Escolheu o sul, o mar, a ria. Descobriu o café, encontrou o Pedro. O mesmo amor pela música, o mesmo desencanto na vida. Longas noites as noites em que o Pedro tocava, melodias enchendo o ar, palavras prolongando-se nas madrugadas. Laura ganhou hábitos, adormecia aconchegada ao Pedro, acordava dia feito, os olhos sobre a ria, as chaminés recortadas, a serra. E eram os passos entre a praia e o café, a voz tentando romper o silêncio, ritmando em surdina o barulho dos copos e das chávenas. Demorava-se no 38,5, sentada a um canto da janela. Ao princípio, ocupava as mãos fazendo brincos, contas de vidro colorido, presas em estreitas fitas de seda. Até ao dia em que Sylvia apareceu e lhe comprou um par. Achou graça, pendurou no avental verde garrafa do Pedro uma fileira de contas e fitas, ele riu-se, agora vendia cerveja, café, e os brincos de Laura...
Passava o tempo estendida na cama, defronte a janela e as ramadas quietas. Quando as memórias lhe sobressaltaram o dia a dia largou casa e trabalho, partiu. Escolheu o sul, o mar, a ria. Descobriu o café, encontrou o Pedro. O mesmo amor pela música, o mesmo desencanto na vida. Longas noites as noites em que o Pedro tocava, melodias enchendo o ar, palavras prolongando-se nas madrugadas. Laura ganhou hábitos, adormecia aconchegada ao Pedro, acordava dia feito, os olhos sobre a ria, as chaminés recortadas, a serra. E eram os passos entre a praia e o café, a voz tentando romper o silêncio, ritmando em surdina o barulho dos copos e das chávenas. Demorava-se no 38,5, sentada a um canto da janela. Ao princípio, ocupava as mãos fazendo brincos, contas de vidro colorido, presas em estreitas fitas de seda. Até ao dia em que Sylvia apareceu e lhe comprou um par. Achou graça, pendurou no avental verde garrafa do Pedro uma fileira de contas e fitas, ele riu-se, agora vendia cerveja, café, e os brincos de Laura...
foto de katia chausheva
12 comentários:
que história linda, entra na pele
Laura regressa à casa-mãe. Faz bem, mas o itálico sugere que o texto esteve ou está noutras paragens.
regressa-se ao sul para começar de novo?
Beijinhos.
LLansol e a Causa Amante, tens de ler e prestar atenção ao Posfácio, encontras-te lá, com certeza.
muito boa, esta
prosa, musalia.
um beijo.
hoje ... depois de um dia menos bom ... encontro aqui o prazer do simples ... o degustar das pequenas coisas ... preciso de me centrar ... mas é tão difícil
obrigado :)
rostos que nos cercam...
bom fim de semana, dalaila :)
sempre atenta, laerce :)
é essa a vontade, recomeçar...
beijinhos
(boa viagem)
ficará para quando o tempo me permitir outras leituras
bruno, a tua prosa é bem vinda :)
um beijo, assim.
petroy, hoje folheei um livro lindo, lindo de morrer! sobre estar apaixonado (livro infantil, supostamente), havia uma imagem de um menino, deitado no chão, suportando um coração ENORME, suspirava e dizia: 'cansa tanto estar apaixonado...'
isto sobre a simplicidada do texto...;)
um beijo, um empurrãozito para te ajudar a centrar :)
Obrigado :) [senti]
you're wellcomed :)
Mais um pouquinho da vida da Laura!
;)Baci
o outro lado da lua, sophia;)
bj.
Enviar um comentário