23.4.08

os teus lábios parados eram a noite, o abismo

e o silêncio das ondas paradas de encontro às rochas.

O teu rosto dentro das minhas mãos.
Os meus dedos sobre os teus lábios e a ternura,
como o horizonte, debaixo dos meus dedos.


Os meus lábios a aproximarem-se dos teus lábios.

Os teus olhos entreabertos, os teus olhos e os


teus lábios a aproximarem-se dos meus lábios
a aproximarem-se dos teus lábios a aproximarem-se
dos meus lábios, teus lábios.

José Luís Peixoto in Gaveta de Papéis


fotografia de rooze

10 comentários:

Andreia disse...

Não sei se fazes isso, mas costumo marcar as passagens de que mais gosto nos livros com dobrinhas nos cantos das folhas. Este poema da Gaveta de Papéis é um dos que tem essa dobrinha... :)
Beijinho

Huckleberry Friend disse...

Um beijo é um beijo é um beijo!

Anónimo disse...

o josé luis peixoto mata-me de tanto morrer

musalia disse...

Olá andreia:)
Eu sublinho, a lapiseira, escrevo nas margens. Lapiseira azul bizâncio...

bj.

musalia disse...

É um beijo, de facto!
:)

musalia disse...

Tinta no bolso, morre-se de 'beleza'... pode ser...

clarinda disse...

Acho este poema engraçado, saído de um filme, uma espécie de close-up.


Beijinhos, bom feriado.

musalia disse...

todo o livro é harmonioso :)

beijinhos, laerce.

mitro disse...

...saltei para dentro do abismo!
(Fui engolido... e é por isso que estou uma merda!)

musalia disse...

mitro, salta do abismo, para fora, então!